domingo, 21 de julho de 2013

Quantas vidas você tem? 'Pergunta idiota', você deve estar pensando....

Todo mundo tem apenas uma vida. Será? Quem garante que você já não andou por este mundo em outro corpo? Não, não estou falando de reencarnação. É outra coisa. Mil vidas.... sempre você é você. Em todas elas, você não deixa de ser você. Só que não lembra das outras vezes em que foi você.

Pense: Neste exato momento quem garante que não há uma espécie de 'universo paralelo' onde está acontecendo exatamente o que está acontecendo neste que seus olhos veem, que seus sentidos tem consciência? Que você pode tocar se estender a mão?

Sou um ser pensante....

Olho o horizonte, o dia se tornando noite, o céu azul se transformando em cinza. Astronomicamente falando o céu nunca é azul... é pura ilusão. O céu é negro.

Então, você ainda quer ir pro céu?

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Acho que o mundo é cheio de gente boa. Tem gente ruim também, é claro.

E o interessante é que sempre focamos no ruim. As notícias de catástrofes, de tragédias, de mortes pululam nos noticiários. É o que vende: o horror, a dor, o perturbador, o estranho em cada um de nós.

Atravessei a beira-mar, sentei num banquinho de madeira, abri o embrulho onde estava a pizza, respirei fundo, agradeci em pensamento ao bondoso rapaz da pizzaria... e comi.... e bebi.

Que refeição fantástica. Primeiro, deixa eu explicar que adoro pizza. Segundo, que eu adoro suco de laranja.

Meu momento presente foi um verdadeiro presente: tudo o que adoro pra comer e beber, mais a beleza do mar, o calor do sol - que estava fraquinho nessa hora. milhares de nuvens cobriam o céu... trariam chuva no fim da tarde, com certeza.

Depois me recostei no banco e tirei uma soneca. Ô vida boa...

Às 18 horas eu estava voltando pra casa - com o corpo doído, cansado; os braços ardendo queimados pelo sol de sábado... mas a mente levinha, levinha. Eu estava voltando pra minha outra vida - que por enquanto é ainda a de verdade.... mas eu já estava ficando diferente. Eu sentia isso, eu sabia...

Andarilha.... sou só de mentirinha.... por enquanto!

sábado, 13 de julho de 2013

Meu estômago roncou - Sinal de alerta.... sinal de fome!

Meu estômago não ronca com muita frequência, não. Não sofro de borborigmos... O ronco de meu estômago também não é um verdadeiro estrondo - como trovões atravessando a terra. Meu estômago rosna baixinho, baixinho... e apenas quando está muito vazio.

Fiquei embaraçada com o ronco de meu estômago? Não... havia poucas pessoas pelas ruas e, certamente, nenhuma delas estava preocupada com as contrações que aconteciam dentro de mim.

A cidade aos domingos está praticamente vazia de pessoas. Andei  da Catedral na direção da Beira-Mar e não encontrei nenhum local aberto onde eu pudesse comer. Meu plano era repetir a experiência de comer as sobras de alguém em alguma lanchonete, bar... sei lá, o que eu encontrasse.

Não encontrei nada. Segui o caminho, passei pela rua Esteves Junior e cheguei até à praça no fim da rua, bem em frente ao mar.

Sentei-me em um banco e fiquei a observar o cenário e tudo o que acontecia por ali. A bem da verdade pouca coisa acontecia. Só carros que trafegavam pela avenida... muitos.

Um homem alto, magro, quase sem cabelos e com um óculos exageradamente pesados para seu rosto tão fino passeava com um minúsculo cachorrinho - um belo Maltês bem branquinho.

A alegria do cachorrinho contrastava com a tristeza do homem... linguagem corporal (entendo muito sobre esse assunto). O homem em passos lentos atravessava a praça; o cachorrinho, agitado, corria um pouquinho, parava e olhava para seu dono com uma carinha de 'vamos, vamos lá... eu quero brincar.... quem sabe você me acompanha?'.

E o homem sequer mudava seu ar triste, pensativo. Parecia estar condenado a carregando o céu em seus ombros, exatamente como Atlas - um dos titãs gregos, condenado por Zeus a sustentar os céus para todo o sempre.

Lembrei-me do poema de Drummond (Os ombros suportam o mundo), ao olhar para aquele senhor taciturno. Definitivamente o homem estava num momento de não rir, não chorar, não amar, não sentir falta de nada... nem da morte. Viva! Isso é uma ordem! Era o imperativo, que mais se adequava a ele.
 
Uma moça seminua passou correndo, atravessou a avenida, quase causando um acidente. Dois motoristas idiotas esqueceram-se de que estavam ao volante e dirigiram sua atenção à bela mulher com um corpaço de tirar o fôlego de qualquer homem.
 
E ela não viu nada. Seguiu correndo indiferente ao que causava. Indiferente aos olhares que atraía.
 
Meus braços, principalmente meus ombros, doíam por causa da queimadura do sol do dia anterior. Meu estômago roncou um pouquinho mais alto - acredito que pra se fazer ouvir.
 
O que eu ainda tinha na mochila? Dois pacotinhos de Clube Social. Comi um e bebi os três goles de água que ainda restavam na minha garrafinha.
 
Enquanto comia me assaltou uma vontade enorme de uma comida quentinha: uma sopa - adoro sopa -, uma massa, uma pizza... Ah! Lembrei! 'Há uma Pizza Hut bem pertinho daqui'.
 
E foi pra lá que me dirigi. Entrei e pedi ao garçom se não havia uma sobrinha pra mim. Ele me olhou de cima a baixo, com um olhar que simplesmente não consegui decifrar se era de pena, ou de incompreensão, ou de irritação, ou, ainda, se era o olhar dele mesmo. Pediu que eu aguardasse do lado de fora.
 
Uns minutinhos depois, ele voltou com duas fatias de pizza embrulhadas e, pasme, com meia garrafinha de suco. Saí no lucro. Claro a pizza não estava quentinha, mas não estou em condições de reclamar, não é?
 

 




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Perdida em meus pensamentos quando me dei por mim, estava nos degraus da Catedral. Imponente, como um Deus.

Sou agnóstica... estou exatamente no  meio termo sobre a existência ou não de divindades... não acredito, nem desacredito. Na verdade, pra mim, tanto faz como fez.

Mas a encantadora atmosfera de uma igreja toca em mim de alguma forma. Ao entrar nesses locais, envolve-me uma atmosfera com um aroma espiritual, um aroma de tranquilidade, de paz...ao mesmo tempo em que acontece um incrível distanciamento das coisas terrenas... dos emaranhados do mundo... dos ruídos da vida.

Estava aí em um desses momentos... sentia crescer uma estima por mim mesma... sentia um acréscimo de estima inexplicável pela humanidade que há em cada ser humano.

Assim, a vida poderia realmente ser interessante

Mas isso foi apenas por alguns minutos - do momento em que entrei na igreja, sentei em um dos bancos e fiquei olhando pro altar enfeitado demais pro meu gosto... ornado demais pra humildade pregada pela própria igreja. É muita ostentação!
 
O sol que brilhava com toda a sua força era mais convidativo... e eu saí.
 
Continuei andando pelas ruas da cidade... depois fui em direção à Beira-Mar. Outra vez.
 
Gosto do mar, da sua amplidão, dos seus segredos, da sua imensidão, do que ele esconde e do que ele revela.

sábado, 6 de julho de 2013

Céu e inferno

Depois de tomar meu cafezinho gratuito no supermercado, decidi andar pelo centro da cidade.

Saí caminhando devagarinho, fixei meu pensamento no aqui e agora. Olhei as casas, os edifícios um a um.. há alguns antigos, outros modernos. Um dos mais antigos - o Dias Velho, na Felipe Schmidt - é bem feinho, mas é forte.... já ouvi dizer que tem gente que não consegue nem pregar um prego na parede do seu apartamento.

O edifício tem o nome do fundador de Florianópolis - um bandeirante paulista, que mandou construir uma igreja lá onde hoje é a Catedral.

Não sou religiosa, não sou católica, não acredito em Deus, em Buda... em nenhum desses caras que ficaram famosos pregando sobre como salvar a própria alma, de como viver nesta vida - aceitando o próprio carma pra melhorar de alguma coisa errada que fez no passado. Não há céu, não há inferno. quando se morre, se morre e fim.

Muita gente já morreu... e ninguém ter voltado pra contar!? Duvido, certamente um Marx, um Hitler, um Nietzsche, um Jesus da vida teria dado um jeito de voltar e contar o que há do lado de lá. Eles não tinham ideias fantásticas quando estavam por aqui? Então... essas ideias sumiriam assim do nada... ah! algum deles, pelo menos, teria voltado. Pra confirmar suas próprias palavras

E se há mesmo céu e inferno - raciocine comigo -, uma mãe que chega a qualquer um desses lugares, conhecendo a vida que seu ou seus filho(s) leva(m) por estas bandas, ia ficar na boa, sem voltar pra dar uma sacudida no filho? Não, não e não.... não há céu e não há inferno, definitivamente.

Esta é uma das razões por que não quero filhos: se chegando do lado de lá eu comprovar que estava errada e não me for permitido voltar para alertar um filho que tenha ficado por aqui... eu cometo um assassinato do lado de lá. Sim, isso mesmo, mato quem não me permite voltar... e aí... bem e aí certamente deverá haver consequências drásticas para um assassino.

Então, melhor não arriscar - filhos!? That's why I tell myself... never, never and never filhos.

domingo, 23 de junho de 2013

Andarilhos são muitas vezes confundidos com loucos. Mas quem não é louco? Pelo menos um pouco? Pelo menos uma vez na vida qualquer um de nós agiu como um louco.

Afinal quem fixou os padrões da normalidade?

E exatamente o que é a normalidade? É ter uma casa para morar, comida na mesa, impostos pagos, salário mensal de um trabalho fixo - ou não tão fixo? É viver em uma comunidade? É ter uma família? É ter um tempo de lazer?

Ser normal é não viver na miséria? Então há muito mais anormais por aí do que podemos imaginar.

Eu acho a miséria degradante... jamais estarei entre os mendigos. Não abraçarei a miséria de jeito nenhum. Não andarei esfarrapada... Já usei as melhores marcas mundiais Hermès, Louis Viton, Armani, Burberry.... não me sentirei bem com farrapos. Mas as marcas que usei não me trouxeram felicidade, nem paz, nem vida harmoniosa. São as melhores marcas mundiais, mas não me dizem nada.

 Serei andarilha, sim... mas com dignidade... com toda a dignidade que o viver na rua pode me trazer.

Sairei pelo mundo, abandonando quem eu era - e sabendo que no momento que eu quiser posso voltar. Mas não será qualquer pedra no caminho que me fará desistir da minha empreitada...

Vou construir uma nova vida... vou juntar tijolo por tijolo.... pela marginal.

Psicose? E quem nunca teve uma ideia meio psicótica? Quem nunca quis matar alguém? Mesmo que em pensamento? Atire a primeira pedra quem nunca quis rasgar dinheiro... quebrar os padrões estabelecidos?

Ah! e psicose é considerado uma certa perda de contato com a realidade. E meu contato com a realidade é quase palpável... não há sequer uma desorganizaçãozinha de pensamentos, não há inquietude, nem angústia, nem opressão... meu comportamento não tem nada de bizarro.




quinta-feira, 20 de junho de 2013

Até o sol estar mais ou menos alto, fiquei ali naquele banco... a fome apertou.

Toda manhã, mas toda manhã mesmo, tomo duas xícaras de café, um pãozinho torradinho com manteiga e uma fatia de bolo. É uma das minhas rotinas.

E aí onde eu estava não havia café, não havia bolo... só um pãozinho amanhecido e água.

A vontade de café era simplesmente imensa... não sou viciada, não... Sei de gente que bebe café atrás de café o dia todo. Não é assim comigo... são apenas as duas xícaras ao acordar e fim. Mas estava me sentindo uma viciada em clínica de reabilitação: louca pela droga.

Como resolver?

Fui em direção a um supermercado que fica no centro, não muito longe de onde eu estava... Normalmente, nesses supermercados grandes há um lugar em que eles oferecem um cafezinho - propaganda.... marketing... :)

Lá consegui um copinho, mais um copinho, mais um copinho... até a moça olhar com uma cara feia pra mim e dizer: 'agora chega'. Não foram bem as duas xícaras costumeiras, mas quase cheguei lá...

Café pra hoje... OK!

Daí comi meu pão, que mais parecia uma borracha.. e nada de bolo.

Lembrete (mais um): mudar meus hábitos matinais... menos café... substituir por chá, suco, água... pro corpo aceitar qualquer um deles na boa... não torrar mais o pão - vai emborrachado mesmo... e eliminar o bolo - não consegui pensar em nada que pudesse substituí-lo (principalmente porque a pessoa que faz o bendito bolo não me acompanhará pela minha saída em busca de liberdade).

Oh! e escovar os dentes.... eu sabia que tinha mais uma coisa me incomodando... Como irei resolvr isso?

A cada instante vou me dando conta  de que viver é muito, mas muito complicado mesmo.
Não acredito em nada....mesmo!

O que é a religião?

Acho que existe um 'religião' que vem da família, dos antepassados... uma 'religião' que está no sangue. Esse tipo de religião, acho que muita gente tem... mas também acho que há muita gente que não tem... são os arreligiosos (não sei se existe esta palavra - mas a noção existe, com certeza). Há pessoas sem religião nenhuma... chegaram a este mundo sem nada e sairão dele sem nada também.

E acho que há uma religião 'imposta' pelo mais forte.  Um ensino religioso confessional, ecumênico e interconfessional, com objetivos fortíssimos para evangelização, catequese e pastoral . Um tipo de ensino que não se preocupa em abrir a mente das pessoas para o fenômeno religioso de um ponto de vista antropológico, que não está preocupado em esclarecer sobre a existência da diversidade.

Eu cheguei ao mundo com uma religião... mas fui mais forte e acabei com ela, muito antes que se tornasse um ópio. E fui mais forte ainda do que o mais forte dos mais fortes valores religiosos... nunca me deixei contaminar por nenhum deles.

E sabe por quê?

Há momentos na vida, há certas situações que religião nenhuma dá jeito. Quer alguns exemplos: navios negreiros... onde estavam os deuses desses negros? holocausto... onde estavam os deuses dos sofredores - de todos os lados (não falo só dos judeus, não)? a fome... os estupros... os loucos... as doenças...  as guerras... se houvesse um único deus para a cura de todos os males, eu acho que ele apareceria vez ou outra... que deus não gostaria de marcar presença em uma catástrofe e colocar milagrosamente tudo no lugar?

Não há nada com o que contar.... é você com você e salve-se quem puder. Pouco saudáveis são os que contam com o nada... há maior loucura do que isto: acreditar que existe um 'nada' que milagrosamente resolve os problemas pra você??

Tenha a santa paciência....

quarta-feira, 19 de junho de 2013


Não acredito em nada... Acho que por isso sou considerada uma pessoa pouco saudável. Psicólogos, psiquiatras, estudiosos e estudados, sábios e nem tão sábios dizem que acreditar é uma coisa bem saudável, bem legal.

Além de saudável pra mente, saudável pro corpo...tá bom... pode ser.

Mas já vi muita gente que acredita ser milagroso, diz ter poderes sobrenaturais rezando ou orando a um ser superior, sobrenatural... fazendo sacrifícios, carregando uma enorme cruz em nome de uma coisa chamada fé...

Há realmente muuuuiiiita gente que acredita ter dons sobrenaturais e é capaz de fazer milagres simplesmente falando... pobres tolos - isso é que não é ser nada saudável, isso sim.

Pra mim... acreditar é a mais pura balela.

O que é ser realmente saudável?

Estava sentada em um lugar lindo - se você conhece a beira-mar de Florianópolis, sabe que estou falando a verdade.

Sem preocupação nenhuma, vivendo exatamente o momento presente: olhando o horizonte, vendo surgir minúsculos sinais de luz... um pouquinho mais...mais um pouquinho... até ficar tudo luz... até acabar qualquer tipo de escuridão.

Tá bom, meu corpo doía... estava começando sentir fome e necessidade de encontrar um banheiro. Gente civilizada usa banheiro... Eu agi como os gatos....

Fora esses pequenos detalhes, eu estava muito bem... sem uma gota de álcool pra me sentir viva... e feliz... diferentemente do grupo de homens que bebia, falava com voz extremamente alta e ouvia um som ensurdecedor... que não sei como podem chamar de 'música'.

Diferentemente dos cuidadores do corpo que começavam a passar (nada contra, cuido do meu também)... caminhando a passos largos, correndo, de patins, de bicicleta...

Claro, não tenho a capacidade de ler mentes, mas consegui observar que nenhum deles observava o espetáculo da natureza: olhos fixos num ponto lá na frente ou no chão.... completamente alienados da beleza do mar, do céu, dos pássaros... da natureza. Bem coisa da natureza humana: distantes do seu presente.

E alguém que fotografava... batia fotos como um louco... como uma louca, melhor dizendo... a girl!

Por que as pessoas tiram fotos? Que coisa mais estúpida guardar um momento. Ninguém consegue guardar nenhum momento... momentos não se guardam, momentos se vivem e depois de vividos desaparecem.... puft!

Hoje, quando raiou a manhã, pela primeira vez eu senti que tinha conquistado o direito de ser um ser humano. Eu havia conquistado o direito de estar no mundo... Isso é ser saudável!

Eu consegui... eu havia decidido viver outra vida e havia dado o primeiro passo. Claro que eu vou voltar - muitas vezes - pra outra que ainda habita em mim. Mas, tudo bem... tudo bem porque eu acredito que a melhor liberdade é aquela que você conquista devagarinho, consciente de cada pedacinho que está deixando pra trás.... e sem, completamente sem, nenhuma pré-ocupação aprisionando sua mente.

sábado, 15 de junho de 2013

Fugi das baratas... e me lembrei de uma coisa: quase todo morador de rua, quase todo andarilho dorme em bancos... sempre vi isso. Por que não me dei conta disso antes? Não teria passado pela situação humilhante, nojenta de ter baratas passeando pelo meu corpo...

Uma vez fui a Buenos Aires... algumas avenidas lá são larguíssimas e entre elas há uma calçada ladeada de grama... lembro-me muito bem de ter visto muitos mendigos dormindo no chão... Agora pensando aqui, enquanto escrevo, foi um dos poucos lugares em que não os vi dormindo em bancos. Eu, com minha memória prodigiosa, não ter me dado conta disso... aff!!

Deitei no banco - duro, muito duro. Fiz um 'travesseiro' com minha mochila e tentei dormir mais um pouco. Não consegui. Meus pensamentos passavam por minha cabeça à velocidade da luz... mais rápido até... acho. Gostaria de parar de pensar um pouco. Mas essa é uma história muito conhecida minha... se estou acordada, penso e penso como uma louca... Dormir é bom... é muito bom.

Alguns baderneiros chegaram em quatro ou cinco carros... com o som ligado a todo o volume. Espantaram pra bem longe meu sono. Sentei-me no banco e esperei. Esperei o dia amanhecer naquele barulho ensurdecedor.

Um dos baderneiros, de cabelo grisalho, me viu e me ofereceu uma garrafa de cerveja. Agradeci educadamente: não bebo álcool... e ele sorriu.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Definitivamente comprovei pra mim mesma que o ser humano é um animal que consegue enganar a si mesmo...

Acho que eram umas 3 ou 4 horas da manhã. Meu corpo doía, meus braços ardiam, eu sentia frio... muito frio. E nem é inverno.

Cama: Ah! como é boa uma cama depois de um dia de muito trabalho... ou mesmo sem trabalho nenhum. "Cama" é um móvel feito para o repouso; a palavra 'cama' já era usado lá atrás, bem lá atrás, no latim, e significa: leito estreito e baixo... possivelmente de origem na Península Ibérica  (lá na Europa - bem coisa de primeiro mundo).

'Leito' = uma cama melhorzinha; a palavra 'leito' era usada pelos romanos 'lectus', que também significava 'caixão', onde se dorme pra sempre... :(

Mas não era só uma cama que eu queria.... um colchão também fazia falta: um macio e confortável colchão, palavra que vem do francês antigo culche, “cama”, derivado de coucher = dormir... (li tudo isso na internet).

Por que o ser humano precisa de conforto pra dormir bem?

Fico aqui pensando no tempo das cavernas. Não havia cama e o povo lá dormia muito bem, acho. Mas essa coisa de evolução... quem decidiu que tínhamos de dormir em algo macio? Pra mim isso não tem nada a ver com evolução... pura involução.

Tenho de colocar isto na minha listinha preparatória para ser uma 'andarilha': dormir em locais duros!

Veja que mudei o nome: estou me preparando para ser 'moradora de rua'.... você sempre leu isso. Mas, depois de pensar muito, decidi que a palavra 'andarilha' é mais chique... então daqui pra frente a palavra que usarei é 'andarilha'...

Dormi, no duro da areia mesmo. Fui acordada sentindo que algo passeava pelo meu rosto... Eu estava dormindo num dos lugares onde o metro quadrado é dos mais caros da Ilha de Santa Catarina... rodeada de baratas.

Tudo bem, que sou capaz de me enganar... ou melhor, ainda bem que tenho essa capacidade. Se eu não fosse capaz de me enganar o que faria com o meu presente? Como olharia para o meu futuro?

E os meus braços ardiam... tststs.... o sol... o sol se encarregou de cumprir sua missão: queimar.

Filtro solar.... deveria ser distribuído gratuitamente, como são os preservativos.
Os dramas humanos... isso é coisa universal.... e nada contingente.

Até hoje não conheci nenhuma pessoa que não tivesse atravessado tempestades em sua vida. Não conheci ninguém que não tivesse sido quebrado em mil pedaços nos terremotos que assolam a vida de cada um... mil vezes mil.

Às vezes, nem é uma tempestade muito forte.... é até fraquinha, mas nos encharca de tal maneira que levamos milhares de horas pra ficar sequinhos, sequinhos... tirar a roupa do varal e começar tudo de novo.

Às vezes é um terremotozinho de nada... mas dos abalos anteriores estamos ainda tontos, tentando nos equilibrar e nos refazer... e lá vai tudo por terra outra vez.... e nós, desesperados, à custa de muito sacrifício, vamos encaixando cada pedacinho no devido lugar. Só que, depois de tantas quedas, os pedacinhos estão tão tortinhos que não se encaixam com naturalidade, temos de forçar para que voltem e ocupem seus lugares.... e, enfim....

o que quero mesmo dizer é que depois de tantas quedas não conseguimos mais ver na vida um show... vemos somente tragédia.

E eu cansei dos dramas.... e, por isso, hoje saí de casa, abandonei a velha vida - com todos os seus dissabores, falta de cores... dores.

Hoje estou aqui recomeçando... e me dou conta de que eu mais queria mesmo era ter nascido tartaruga.... com a casa nas próprias costas e a mente destituída de complicações.

Ser gente é doído pra lá da conta. Só quem é 'doido da cabeça ou doente do pé' gosta de ser o ser que é.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Como é lindo aqui. Como é lindo o mar.

Tenho uma parte da tarde ainda para admirar a beleza do lugar. E é o que vou fazer.... sentar e admirar.

A maioria das coisas acontecem mesmo é na cabeça da gente. Larguei tudo pra trás - por dois dias é claro - e me sinto a pessoa mais leve do mundo.

O que mudou de ontem pra hoje? Visivelmente nada... saí de casa de manhã, fiquei sentada olhando o mar... e caminhei à beira mar. E só.

Minha cabeça está tão leve. É como se tivesse só o hoje. Não existiu o ontem e não haverá o amanhã.

Pensando bem, acho que faríamos muito bem se vivêssemos assim: o hoje - que é o que temos.

Sento, olho o mar, bebo dois golinhos de água e como uma maçã. A vida poderia se resumir a isso. Por que a complicamos tanto?

Comecei a pensar no que estaria fazendo se não tivesse decidido me aventurar e sair de casa: faxinando, lendo, escrevendo, assistindo à TV, trabalhando e trabalhando... fazendo mil coisas, menos vivendo.

Acho que cochilei... o sol está se pondo, o céu está pintado dos mais variados tons que vão de rosa clarinho a um vermelho fogo.

Começa a anoitecer. Ainda há muitas pessoas caminhando, correndo. O movimento de carros é intenso. Muito barulho.

Escureceu completamente... o movimento de pessoas devagarinho vai diminuindo... menos carros, menos carros... até quase apenas quatro ou cinco.

É madrugada, faz frio, não consigo dormir... o corpo todo dói. Definitivamente sinto falta de meu quarto.

Interessante... nunca tinha dado a ele o valor que merece... Parece que está certo quem disse que a gente só dá o verdadeiro valor às coisas quando as perde... Não que eu tenha perdido... sei exatamente onde meu quarto está e é pra lá que vou voltar....

Mas só amanhã.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

De que maneira nós chegamos ao conhecimento? Quais os caminhos que podemos tomar para conhecer algo? Bem, por tudo que li e estudei, posso dizer que podemos conhecer alguma coisa lendo, estudando... observando alguém ou conversando com esse alguém que tem o que queremos saber e, taambém, experienciando, por exemplo.

Morar na rua... é o meu único objetivo. Preciso aprender como. Decidi ir à biblioteca e procurar um manual que me ensinasse como se faz... não encontrei nada; procurei no Google - sim, sou uma pessoa que usa o Google. Nada, também.

Então, decidi que preciso, ou observar moradores de rua, ou conversar com eles...ou passar pela experiência.

Observar moradores de rua acho meio invasivo, mas... vou ser bem discreta...ah! e vou usar óculos escuros. Você sabia que óculos escuros são ótimos pra um monte de coisas? São sim... e uma delas é observar sem deixar que a pessoa perceba que está sendo observada.

Já disse, no comecinho da minha história, que só conheci uma família de rua... aprendi muito com essa família; também já observei - bem de longe - alguns moradores de rua... andarilhos. Devagarinho vou contando o que me ensinaram.

Hoje estou aprendendo pela experiência. Algumas coisinhas novas já aprendi.

Estou na beira-mar... indo na direção do Trapiche. Vou seguindo entre céu e mar de um lado...do outro edifícios chiquérrimos caríssimos, automóveis - ainda não como os de primeiro mundo - e gente... gente e gente.

E nenhum morador de rua, nenhum... nem do lado de cá, nem do lado de lá. Só há um tipo de gente: bonita, sarada, bem cuidada. E eu... não que até o momento não tenha todas as características que acabei de listar; modéstia à parte sou bonita, sarada e bem cuidada. E, como eles, estava no meu habitat.

Fui olhando tudo e todos e percebendo como será difícil largar tudo, deixar pra trás o meu habitat.

Desisto? Persisto? Qual será o risco?

Cheguei ao Trapiche...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Quem foi que disse que o melhor lugar do mundo é o aqui e o agora? Gilberto Gil..claro.

Acordei... não sei quanto tempo dormi. Também não importa o tempo.

Abri os olhos... levei uns segundinhos para me dar conta de onde eu estava. Que sensação maravilhosa... sem compromisso, sem horários, sem a cabeça cheia de coisas por fazer.

Naquele momento, eu só tinha o aqui e o agora. Mas nem tudo são flores, desculpe-me a frase feita.

Ao me mover, senti dor no corpo, claro... o que eu esperava? Tinha dormido meio torta embaixo de uma árvore, no chão duro.

Vontade de ir ao banheiro... E agora? Não estou em minha casa confortavelmente instalada. Optei por treinar morar na rua... 'se vira', pensei.

Então me levantei, me espreguicei e pensei: 'Bom... aí está um barzinho, tem de ter um banheiro'. Claro sempre tem. Só preciso de coragem pra entrar.

Coragem? Sim, coragem. Não sei com que olhos os donos de bar veem os moradores de rua entrar e se dirigir ao banheiro... não pode ser com bons olhos... descabelados, sujos, maltrapilhos.

Bem, mas eu não era (ainda) uma típica moradora de rua. Descabelada? Sim. Passei a mão pelos cabelos, procurando ajeitá-los. Suja? Não... estava limpinha - era meu primeiro dia na rua. Maltrapilha? De jeito nenhum.

Então, é só entrar. Fui até à porta, olhei pra dentro e, identificado onde era o banheiro, entrei. Não fiz contato visual com ninguém. O coração batia acelerado - como se eu estivesse fazendo algo de errado.

Mas não havia nada de errado em entrar no banheiro. Ufa... problema resolvido, saí... e pronto.

Fome...

Comecei a andar na direção do trapiche. Admirando o mar, tentando deixar meus pensamentos no meu aqui e agora. Confesso que tive uns 70% de sucesso.

Antes de chegar ao trapiche, passei pelo Mcdonald's. Decidi fazer uma experiência:

a) Estava com fome.

b) Mcdonald's serve lanche.

c) Às vezes, as pessoas não conseguem comer todo o lanche.

d) Às vezes, as pessoas se esquecem de levar a bandeja até o aparador/lixeiro.

e) Quem sabe eu tenho sorte?

Depois de ficar um tempão só cuidando se isso que enumerei realmente acontecia... aconteceu.

Fui rápida, muito rápida: meio hambúrguer, um restinho de batata frita e meio copo de suco - perfeito!

Não, nem tão perfeito assim, não. Precisei fazer um esforço pra não pensar e comer como se ninguém ainda tivesse tocado na comida. Mas consegui...

Acho que estou indo bem.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Um divisor de águas... perdoe-me a pobre analogia.

Mas a verdade mais verdadeira é que esta manhã, este dia divide minha vida entre antes de ser moradora de rua e depois de ser moradora de rua.

Uma manhã em frente ao mar obviamente não caracteriza ningué como morador de rua. Muita gente passa manhãs inteiras de frente pro mar, dias inteiros até... mas não é considerada moradora de rua. Mesmo eu... que ficarei apenas um fim de semana inteirinho fora de casa ainda não posso ser denominada uma real. verdadeira moradora de rua.

Este fim de semana é um prelúdio, um primeiro passo, apenas.

Amanhã à noite vou voltar pra casa e continuar minha vida normal de não moradora de rua... já falei que vou acostumar meu corpo aos poucos com a nova realidade que decidi pra mim.

Enfim o que quero dizer é que as coisas são na nossa cabeça. A felicidade está na nossa cabeça ou não.. concorda? Ou você já viu a felicidade andando por aí. A felicidade é um estado de espírito... es-ta-do  de es-pí-ri-to, entendeu?

Da mesma forma sentir liberdade é coisa da cabeça da gente.

E é isto que senti hoje: liberdade... do tamanho do mundo, que gira me carregando com ele.

Já deve ser meio-dia... ou quem sabe um pouco mais. Fiquei perdida em meus pensamentos azuis que perdi a noção do tempo. Não comi nem bebi nada desde o meu café da manhã. Minha barriga roncou ao sentir um cheirinho de comida no ar... hora de comer meu lanche: pão com geleia de morango - minha preferida - e duas bananas; meia garrafinha de água e um chocolate.

Saí de frente do mar, do sol escaldante e me recostei no barzinho na sombra de uma arvorezinha, olhando o movimento de carros... movimento desenfreado de lá pra cá de cá pra lá. Foram 1.437 carros até eu fechar os olhos e adormecer.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Em frente ao mar.

Simplesmente me concentrei no balanço das águas, no barulho fraquinho das pequeníssimas ondas batendo nas pedras.... são ondinhas, apenas... então é um barulhinho bem fraquinho... que se misturou ao dos carros passando velozmente pela beira-mar... à voz das pessoas que passavam em sua caminhada habitual... e ao canto suave de alguns passarinhos que de quando em quando vinham checar se estava tudo bem.

Acho que é isto mesmo que os passarinhos fazem: checam se está tudo bem... porque se não está, eles voam rapidinho pros seus ninhos.

E nesse olhar o balanço do mar, deixei minha mente se encher do azul que nele refletia.

Você tem ideia de há quanto tempo não deixo a minha mente apenas receber a cor azul? E apenas os sons que listei logo ali atrás? E de apenas do cheiro de mar?

Tudo bem houve outros cheiros também, mas deixei-os ficar em segundo plano.

Um único cheiro forte que me impregnou profundamente foi o do mangue por onde passei antes de chegar e parar um pouquinho depois da Ponta do Coral. Mas dei menos importância a ele, uma vez que estou decidida a apenas ver o lado bom, cheiroso, perfumoso da vida... pelo menos hoje.

Lembro-me de tudo - ja falei isso - nos mais pequenos detalhes há um bocado de tempo. Então minha mente fervivlha e fervilha muito. Ela estava precisando dessa tranquilidade proporcionada pelo azul do céu refletido no mar. E foi nisso que foquei minha atenção dirigida.... a periférica, obviamente, captou outras coisas... coisas sem a menor importância.

Todo mundo precisa de férias de vez em quando. E eu me dei uma manhã todinha de férias, de frente pro mar, sentindo o sol no meu rosto, no meu corpo (confesso que o moleton não foi uma boa ideia... mas a regata fininha compensou)... os pés diretamente na natureza: uma grama verdinha, verdinha.

Essa linda manhã foi um divisor de águas pra minha mente. Prometi a mim mesma que repetirei a experiência até que se torne o habitual, o natural... Só quero na minha mente a cor azul e os cheiros e sons da natureza.

E eu ainda vou chegar a algum lugar - e ficar de férias - onde não haja barulho de (in)civilização... ah! se vou...

Enquanto isso continuo a minha vida na sua normalidade completamente vulnerável.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Quem é você? Você não... eu... quem sou eu?

Essa pergunta me persegue. Normalmente respondo: sou filha do ....; a irmã da....; sou a.... que trabalha na ...; dependendo de quem pergunta.

Acho, acho não, tenho certeza de que quando alguém pergunta 'quem é você?' nunca está se referindo a mim mesma, como pessoa, como um ser humano que caiu sem paraquedas neste mundo loko. Porque é um mundo louco, sim... não me venham dizer que sou eu a louca. Porque sou diferente, ajo diferente. Diferente do quê? De quem?

Porque resolvi 'fugir' de casa, porque hoje coloquei uma mochila nas costa e às 8 horas da manhã, com o sol já bem acima da linha do horizonte, estou sentada na beira do mar... na Baía Norte, em frente a um local bem conhecido, bem frequentado, chamado Koxixos, estou sentada, olhando o mar, só olhando o mar.

Você já tentou isso? Você já abandonou tudo como eu (por um pouquinho de tempo, só relembrando) e decidiu vagar pelo mundo... e começou o seu vagar com uma manhã inteira só olhando o mar? Já fez isso? Não? Não sabe o que está perdendo.

Ao meio-dia, eu ainda estava no mesmo lugar.... tudo flutuava, até as lindas nuvens branquinhas que apareceram pra me fazer companhia.

E eu lembrei de Alice no País das Maravilhas e da lagarta sussurando no ouvido dela: “Quem é você?”
 'Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: “Eu — eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento — pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.”'

Eu, como Alice, tenho mudado muitas vezes desde o momento em que hoje fechei silenciosamente uma porta atrás de mim...

quarta-feira, 15 de maio de 2013

De um lado da avenida que lá na frente se transforma na beira-mar, há uma escola, um local de amantes de passarinhos, um órgão público, um condomínio, mais um condomínio.... prédios... terrenos baldios... prédios... e segue assim até o fim.

Do outro, primeiro um Shopping - imenso - e acaba aí vestígios de civilização. O mangue - se procurar vai encontrar vestígios de incivilização lá. E o mar.... bendito mar... até o fim. Um oceano no meio.

Claro que optei em ir pelo lado direito, o lado do verde, do azul. Há partes em que o cheiro não é nada agradável... mas estou me concentrando só no que é bom, no que é belo. Então nessas partes de cheiro ruim, tranquei o nariz.

Admiro quem acorda cedo pra se exercitar... eu sou da noite, já falei gosto de andar à noite. E as pessoas sorriam, diziam 'bom-dia'... e seguiam. Gosto disso: quando um desconhecido olha pra você, sorri e cumprimenta. É coisa de gente civilizada.

Eu sou civilizada... civilizadíssima por sinal. Você vai perceber no decorrer da minha história, ou se cruzar por mim pelas ruas de Florianópolis por agora... ou pelas ruas do mundo... mais lá na frente. No futuro.

O que é o futuro? Você já se perguntou? Quando comecei a escrever esta frase - quando fiz a primeira pergunta - era o meu presente... que logo virou passado. A segunda frase era meu futuro, que virou presente no momento em que comecei a digitar... e agora já é passado. Coisa muito louca isso do tempo.

Eu queria segurar o tempo... não, na verdade, eu queria olhar lá de cima e ver a vida de cada um em uma linha reta. Eu, de um poto fixo, olharia a vida de cada um sempre no momento presente... você entendeu o que eu quis dizer? Tudo bem, se não entendeu.... certas coisas não são pra entender mesmo.

A minha cabeça hoje está leve, enquanto ando em direção ao meu futuro... mas vou devagarinho, não quero dar um susto em mim. Quero me acostumar sem choque, não quero mal à minha pessoa.

Acho que você deve estar se perguntando como vou faze em relação à minha família. Se vou contar de meus planos? O que vou inventar? Ou se vou dizer a mais pura verdade?

Já decidi o que vou fazer com minha família - que é bem pequenininha. E como o que vou fazer só interessa a mim, não vou escrever aqui....

Não, não adianta insistir... O que seria da vida sem um pouco de mistério!?

sábado, 11 de maio de 2013

Não, claro que não. Pelo menos não agora.... apenas a duzentos metros de casa. Decidi não pensar que eu estava finalmente 'fugindo de casa', 'abandonando a segurança de quatro paredes', 'deixando tudo pra trás'. Decidi não pensar no que perdia e me concentrei no que estava ganhando: liberdade!

Fixei minha atenção aos sons da manhã. Primeiros ônibus... poucos, nos sábados sempre há menos; alguns automóveis, passando velozmente - pressa, sempre a pressa de chegar a algum lugar; e galos cantando. Sim, alguns galos cantam em Florianópolis (falo isso porque acho que galo é coisa de cidade do interior). Começam às quatro da manhã e às seis - hora que estou relatando - ainda ouço alguns quiriquiquis. Ah! e cachorros... como há cachorros nesta cidade e como latem. São os mais barulhentos, latem de dia, latem de noite, latem quando as pessoas passam pelo portão das casas... latem... pelo simples prazer de latir.

Você já se perguntou se os cachorros 'conversam entre si'? Se os latidos significam algo mais que simples latidos? Li recentemente que algumas pesquisas chegaram à conclusão de que existem três tipos de latidos - eu já tinha percebido que há latidos diferentes e muito antes da ciência - e, pasme, os cães podem, sim, tentar se comunicar com seus donos. Cães e homens conversando (bom, se cães podem, é bem provável que outros animais também possam).

Os quiriquiquis querem dizer: hora de acordar! hora de acordar! ?? Não sei...

O antropólogo que estudou e descobriu que os cães podem interagir com seus donos diz que os milhares de anos de interação  "com os humanos levaram ao desenvolvimento de três grandes grupos de latidos: os de alerta, os para chamar a atenção e os para brincar". Gostei disso, vou me aprofundar no estudo das habilidades comunicativas do cão... um dia. Gosto de projetos, gosto de planos.... me dão a sensação de que tenho muuuuiiiiita vida pela frente. Um dia vou estudar sobre a evolução dos cães... não, não, não acredito no evolucionismo.

Como tenho a beira-mar ali à frente esperando por mim....

Também me concentrei nas cores.... no ar da manhã... nos pássaros - outra coisa que tem de montão por aqui.

E nas pessoas... poucas, mas todas ou correndo, ou caminhando, ou andando de bicicleta na beira-mar.

Meu Deus... ninguém trabalha nesta cidade? Apenas as duas garotas do posto de gasolina?

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Desculpe-me pelo desabafo... não acho a vida uma droga, não. Às vezes ela é uma droga, às vezes não. Depende do ângulo que olho pra ela. Quando saí pra rua, eu estava olhando pra vida de um jeito todo negativo, estava olhando através de uma vidraça toda embaçada... estava olhando de um ângulo errado.

Agora, mudei de ideia... sou boa nisso... mudo de ideia constantemente, sou uma metamorfose ambulante... ops estou me repetindo. Ah! isso é outra coisa que faço... me repito e me repito constantemente. Também não dá pra ser original o tempo todo. Cansa. Se você não consegue me acompanhar, beleza... não sofra por isso. A maioria das pessoas não consegue seguir meu ritmo mesmo.

E no que eu escrevo se você perceber incoerências... são incoerências mesmo... eu sou assim: in-co-e-ren-te mesmo.

Agora sinto o clima tropical... uma leve brisa... o céu está azul... algumas nuvenzinhas passeiam tímidas por ele. E eu estou olhando pra vida de um ponto de vista positivo, de um ângulo colorido.

Melhor assim!

Quando saí eram mais ou menos 6 horas da manhã. A rua por onde passei estava quase deserta. Na direção oposta à que eu seguia, estava um senhor de meia idade, baixinho... cabelos ralos... brancos... passeando com um cachorrinho. E só.

Depois de eu andar dois quarteirões, encontrei duas garotas...pelo uniforme, deduzi que eram funcionárias de um posto de gasolina. Há um posto de gasolina perto de onde é minha moradia tradicional - uma casa.

Dobrei na esquina e segui pela beira-mar. Já falei que moro no litoral? Não? Então estou falando agora. Sim? Só estou  me repetindo. Moro no litoral... há muitas praias lindas por aqui... na verdade, tudo é muito lindo por aqui.

As pessoas são legais, o clima é gostoso, e o mar... ah! esse é indescritível.

Viu!? Agora estou de bom humor... estou vendo tudo lindo. Estou amando até o Sol que acabou de nascer. Normalmente não gosto do Sol... fujo dele. Procuro sempre por uma sombrinha quando estou andando pelas ruas, e à praia só vou quando chove... brincadeirinha... vou quando não chove também.

E fui andando. De repente me deu um ataque de pânico. Você já deve ter ouvido da síndrome de pânico. Esta eu também já tive... pra falar a verdade nem sei se estou curada.

Pânico.... o mundo é imenso demais para eu querer morar nele... o céu é infinito... como poderei dizer que é o meu teto?? Meu Deus, eu sou tão pequeninha. Quero o limite de paredes, quero o limite de um teto de telhas... quero uma casa, uma cabana ou uma barraca... pode ser até uma barraca.

Gostei da ideia da barraca... depois vou averiguar se há alguma que pese quase nada pra eu carregar comigo, no caso de eu sentir agorafobia - esse medo que me deu de estar em um espaço tão aberto.

Volto pra casa?

terça-feira, 30 de abril de 2013

Acho a vida uma coisa tão sem graça. Não sei você... mas eu acho uma droga viver.

Somos presos... presos de todas as formas... já falei sobre isso, mas gostaria de falar um pouquinho mais.

Saí pé ante pé... tenho de sair sem fazer nenhum barulhozinho porque se alguém me ouvir abrindo a porta já vai querer saber pra onde vou. Não sou dona da minha vida? Não posso fazer o que eu quero? Ir pra onde quero na hora que quero? Não, não e não... sempre há alguém pra dar satisfação.

Ninguém é livre... liberdade é uma utopia... ou uma fantasia... ou uma esperança não realizada... um não existe. Você se engana se pensa que é livre. Não é, não. Ninguém o é.

Ao sair respirei fundo... pisei firme e fui... mundo afora. Brincadeirinha... só saí mesmo de casa, não enfrentei o mundo... o máximo que fiz foi me afastar alguns quarteirões... fiquei pelas vizinhanças. Qualquer coisa, eu correria de volta pra segurança da casa... que acho que posso chamar de minha..

Mas um dia eu chego lá. Agora que decidi que sairei gradativamente está mais fácil. Também pensei que é o mais equilibrado... estou preferindo agir com bom senso.

Muitas vezes deixei de agir com bom senso. Vou contar uma delas agora. Houve uma época em que decidi ter fobia por germes. Decidi, sim... não tinha fobia, mas precisava de algo com o que me ocupar que não fossem meus pensamentos... então decidi ser misofóbica. Também achei legal o nome... 'sou misofóbia', dizia com orgulho. Metade das pessoas não entendia, mas fazia de conta que entendia.

É tão mais fácil assumir que não sabe... ouvi cada besteira: 'que legal!'... 'nossa, que barato!'... 'como se fica assim?' 'Pode me ensinar? Gostaria muito de ser misofóbica'....

Tá bom, eu sempre explicava certinho, mas desconfio que muita ente continuava não entendendo.... e me achando louca varrida.

Lavava minha mãos 335 vezes por dia... não tocava na maçaneta da porta nunca, lavava todo o meu dinheiro e colocava na secadora pra secar.... invariavelmente colocava luvas ao sair de casa.

Decidi ser misofóbica só pra ter algo diferente pra fazer... acho que eu queria ser igual a Cameron Diaz - parece que ela também teve uns probleminhas do tipo (li na Wikipédia).

Depois abandonei o vício devagarinho... ele seria insustentável nas ruas. Onde eu conseguiria as luvas? E como lavar as mãos mais de 300 vezes por dia... tinha que desisitir de ser misofóbica e desisti.

Sou boa em fazar o que decido... faço, mas faço do meu jeito. Não me venha com sua receita infalível, comigo ela não vai dar certo, pode acreditar.

Mas, obrigada por tentar me auxiliar :)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Então eu saí... pé ante pé. Devagarinho, sondando o caminho.

Será um caminho de pedras? Será íngreme a subida? Serão mais escuras as noites? Mais frio o frio?

Bom, devo pensar um dia de cada vez... um passo por vez.... steps baby.

Busco a felicidade? Ela se deixará encontrar? Ou felicidade não existe? Ou eu não sei diferenciá-la dos outros sentimentos que tenho?

Não sou muito boa com emoções, não. Sou toda razão. No raciocínio lógico está o meu equilíbrio. Corda bamba não é comigo não, não sei me jogar sem rede de proteção.

Cada dia que passa... sei que simplesmente me aturo... dou duro, mas não consigo mudar. Caramba, como é difícil comigo lidar! Entendo quando as pessoas começam a se afastar.... eu mesma se pudesse iria pra bem longe de mim, mas não tem jeito, não consigo de mim me afastar... o jeito, então, é me aturar.

Na calçada da vida.... da minha vida - que não se aproxima nem um pouquinho da 'calçada da fama'  -  estão registrados todos os passos meus... registrados em ardósia... uma rocha metamórfica... como eu... uma 'metamorfose ambulante' (que eu sei muito bem que você sabe quem disse ser uma metamorfose ambulante, como eu).

Amanhã talvez eu esteja diferente... ;)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Acho que acordei pra minha realidade...

Na semana passada, contei pra uma pessoa que vou embora... que vou viver na rua. Vou abandonar tudo o que tenho, tudo o que sou e vou ser cidadã do mundo. O problema é que não consigo dar o primeiro passo pra fora da minha vida atual.

Fico arrumando desculpas, protelando a partida, arrumando desculpas... esfarrapadas, eu sei... mas são desculpas que não me deixam jogar tudo pro alto e partir.

Se me sinto mal com isso? Claro que me sinto. Sou uma pessoa extremamente decidida, vou atrás do que quero, não importa o que tenho de enfrentar; quando quero algo, eu sempre consigo. Não sou do tipo que desiste.

Por isso estou decepcionada comigo.

Mas a conversa foi boa.... muito boa porque....

Então...

Como não consegui fechar a porta minha vida antiga e jogar fora a chave, decidi fazer diferente... você já vai entender.

Sábado acordei cedo... o sol estava nascendo quando coloquei meu corpo pra fora da minha vida antiga. Incorporei a nova vida, ou melhor, a que será minha nova vida futura.

Coloquei um moleton, uma camiseta, amarrei uma jaqueta na cintura, coloquei o meu tênis mais velhinho - até já está furado. Este tênis tem história... foi comigo até o fim do mundo. No fim do texto posto uma foto do fim do mundo, evidentemente não é uma foto que tirei...nunca tiro fotos, não preciso, tenho na memória a imagem de tudo o que aconteceu depois dos meus quinze anos.

Saí - não joguei a chave fora - saí devagarinho, ninguém percebeu e comecei a viver os primeiros minutos da minha nova vida.

Por enquanto sou moradora de rua provisória....ainda tenho endereço fixo... vou ser moradora de rua até amanhã. Depois volto pro meu lugar fixo.

Entendeu? Como não consigo largar tudo de uma vez, vou largar devagarinho... vou e volto... vou, fico um pouquinho e volto.... depois vou de novo... fico um pouco mais... e volto.... vou e volto quantas vezes precisar - até me acostumar - daí vai chegar o dia em que vou... e não volto mais.

Fim do mundo.... Ushuaia
Ushuaia - Terra do Fogo
http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/18450-ushuaia-terra-do-fogo.htm

sábado, 13 de abril de 2013

Estava aqui pensando se realmente quero ser a outra pra qual tenho me preparado... não cheguei nem a sim, nem a não. Eu quero e estou decidida. Então, por que protelo tanto a minha ida?

É tão fácil... é só pegar uma mochila, colocar algumas coisinhas dentro... pegar o caminho do mundo e pronto. Mas, não, eu fico aqui pensando em cada detalhe: comida (situação já resolvida); bebida (um copo d´água sempre vai ser fácil conseguir... ou quase sempre).

Quanto à água, pensei: quando estou na cidade, em algum lugar habitado, vai ser fácil... mas e quando eu estou no caminho? Aí vai ser difícil. E é bem provável que vai ser o momento em que eu mais vou sentir sede... principalmente quando for verão.

Claro, já sei que você vai pensar 'por que ela não carrega uma garrafa d´água junto com ela?'. O problema é que não quero carregar peso... é só isso. Se não fosse isso, claro que eu já teria resolvido a situação da água.

A melhor coisa pra mim, eu acho, é que eu deveria ter nascido na rua. Ia ser mais fácil, não iria conhecer a vida de dentro de casa.

E documento? Levo ou não levo? Não consigo me decidir...

Acho que eu deveria ter nascido tartaruga... aff!

Há uma frase de Simone de Bouvoir que eu amo... acho que ela me 'define': "Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância". Não é linda?

iiii, agora lendo melhor, acho que não me define, não... porque a Simone tá dizendo pra gente não ser definida... e a frase dela acho que me define.

Liberdade... é pra onde eu vou. Mas, não consigo decidir o que levar, o que não levar.

Acho que você já percebeu que hoje estou meio confusa... no  meio de tudo que está na minha cabeça, agora, pra complicar, tem um monte de pontos de interrogação.

Mas eu não vou desistir não. Mundo, me aguarde!

Continua....

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tenho tanto pra preparar...Mas, não importa quanto preciso esperar, quanto preciso me adaptar. Hoje descobri que tudo isso é pouco, preparar-se pra vida não é nada. O probema é preparar-se pra morte.

Não pra própria morte. Porque quando se morre... se morre. Seja lá o que tem depois da vida, a gente enfrenta na hora. Ninguém ainda voltou pra dizer como é. Então, não há como se preparar... é um desconhecido e eu vou ver na hora o que faço. Sei que você também vai dar um jeito lá, o seu jeito.

O problema é se preparar pra morte de quem se ama. Viver a própria vida agora sem uma pessoa que até há bem pouquinho estava aí. Você ainda acorda de manhã e vira pro lado na cama pra dar bom-dia.... mas o lugar está vazio. Você ainda coloca a xícara, o prato, o copo... é a força do hábito. mas o lugar vai ficar vazio. Você ainda lembra da hora do remédio, do passeio, do abraço. O remédio foi pro lixo, o passeio é solitário e não há mais abraços.

Você ainda tem esperança de abrir a porta e encontrar sentado no sofá, deitado na rede.. que tudo não passou de um terrível pesadelo... mas está tudo vazio.

A alegria desapareceu. O seu coração ficou vazio? Não ficou cheio de dor, de tristeza... esse cheio você não queria, esse você dispensava de bom gosto. Mas esse cheio fica e pronto.

Abracei uma amiga que perdeu o pai... agora ela tem de se preparar para viver sem ele.

Eu nunca passarei por isso. Na minha nova vida, serei eu e só eu.... nunca precisarei me preparar pra não ter mais quem eu amo, porque eu vou estar no mundo sozinha e toda noite vou olhar as estrelas e pensar: quem eu amo está lá onde sempre esteve.... nunca vou saber o dia em que deixou de estar... eu nunca vou voltar.

domingo, 7 de abril de 2013

Lembra que eu falei que estou me preparando pra minha nova vida? Pois é... a primeira preparação era a sobrevivência, neste mundo da rua... sem destino certo, sem endereço, sem documento. Aliás, ainda estou pensando se levarei documentos...

Comer, comer e comer. Desde o momento que se nasce até quase o fim. Comer de 3 em 3 horas, dizem que é o ideal. Já estou longe do ideal há muito tempo, então... mas como, como porque sei que meu corpo precisa de alimento. Quem dera não precisasse, seria um problema a menos... mas...

Viver de luz já descartei. Minha segunda opção: virar vegetariana. Já não como muita carne, então não será difícil. Procurei uma amiga nutricionista que me deu as seguintes dicas:

a) Procure um médico pra saber como está sua saúde... OK! minha saúde está ótima...

b) Diminua gradativamente a ingestão de carne.... OK! isso é fácil também, já como tão pouquinho... vou tirar tudo de vez.

c) Beba leite de soja no lugar de leite de vaca... Okidoki! não gosto de leite, nunca bebo leito... então, sem preocupações aqui.

d) Coma muitos, mas muitos mesmo, legumes e frutas coloridas... Beleza! já faço isso... então, nenhuma mudança por aqui (ou melhor, acho que só haverá mudança na quantidade - como muito/tenho de diminuir a quantidade, só isso)... e você sabe exatamente por que tenho de diminuir a quantidade - na rua nunca terei certeza de encontrar esses alimentos em abundância... :)

e) E aí um monte de baboseiras mais... tome vitaminas, sucos, tenha acompanhamento médico, etc., etc., ... tudo inviável pra mim, isto é, pra minha nova vida. Portanto, na minha sabedoria, vou fazer de conta que ela não falou nada disso... e pronto... estou pronta!

Mas ainda não posso me aventurar, há outros aspectos da vida prática, da pragmática, dos pés no chão.... e tenho de considerar tudo... me preparar pra tudo.

Continua....

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Começar tudo de novo. Quantas vezes comecei tudo de novo... nem consigo lembrar. Tenho uma amiga com quem converso todos os dias, ou melhor, ela é quem conversa comigo todos os dias... e nossa conversa é sempre mais ou menos assim:

- Oi!
- Oi! Tudo bem?
- Sim, tudo muito bem... hoje melhor que ontem (ela sempre diz)...

E eu fico pensando em como hoje pode ser melhor do que ontem, que foi melhor do que anteontem, que foi melhor do dia anterior, que foi melhor.... posso continuar até o primeiro dia da vida dela. Não consigo entender mesmo. Mas, tudo bem, ela deve ter começado a sua vida na pior mesmo.

- Ah é! O que aconteceu hoje de bom?
- Hoje aconteceu que tive mais um dia pra viver... o sol está brilhando (e quando está chovendo, ela diz:  a chuva está nos regando com sua preciosa água), há pessoas pra conversar, comi um bolo muito gostoso....(e vai desfilando diante dos meus ouvidos uma série de coisas tão banais, tão normais como se fossem a melhor coisa do mundo... como se fosse a primeira e única vez que aconteceram).

Tenho de parar com essa mania de criticar as pessoas....(penso)

- Legal... digo eu. E o que aconteceu de novo? Qual é a novidade? O que aconteceu realmente de melhor hoje pra você dizer 'hoje melhor que ontem'?
- Tudo... tudo é novo. Vai dizer que você não percebeu?
- Não, não percebi.
E ela me olha com o olhar mais benevolente que meus olhos já viram... e ela sorri o sorriso mais condescendente do mundo e diz:
- Bem, tô indo... espero que você um dia consiga perceber a novidade do dia.
E eu fico pensando, pensando... mas não falo, é claro; não quero ser rude com ela, então, só penso: "Bem, e eu vô ficando...espero que você um dia consiga perceber que não há novidade sobre a terra... é tudo vaidade, é tudo vão... tudo em vão... nada possui conteúdo e tudo se baseia numa aparência falsa, mentirosa".

Continua....

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Com todos os nossos medos, com tudo o que somos... vamos seguindo por este mundo de Deus... ou de ninguém.

Colocamos máscaras, mas um dia, se procurarmos bem, sai lá do fundo o nosso verdadeiro eu, ficamos pouco a pouco cada vez mais parecidos com nós mesmos. Adoro isso. Eu sempre quis fazer Psicologia, mas a vida, o destino, sei lá... me transformou no que eu sou. Mas por pouco tempo ainda serei o que eu sou... vou mudar, estou certíssima disso. Não haverá nada a me impedir.

Deixarei de ser esta que você vê e serei a outra, cheia de sonhos na cabeça e os pés nas nuvens. Não que agora eu não tenha sonhos, tenho sim, mas tenho os pés no chão, muito no chão. O que seria da vida sem sonhos? Viver apenas a realidade? Seria triste. Sei, todo mundo é triste... todo mundo vive noites e noites esperando que seus sonhos se realizem... e é noite que não acaba.

Estou me preparando. Em primeiro lugar, pensei na comida e na bebida. Somos dependentes de comer e beber. Precisamos comer e beber para nos sentirmos bem dispostos, pensarmos melhor, conseguimos levantar e ficar em pé. Sem comida, você levanta e cai... às vezes nem levanta.

Sabedora disso, comecei a me preparar. Ouvi falar de uma dieta da luz... não sabia bem o que era, mas pensei que se eu conseguisse segui-la o problema da comida e da bebida estaria resolvido. Fui pesquisar. Adoro o Google... é uma paixão incondicional :)

Eu ia aprender a fazer fotossíntese - uma coisa que só as plantas fazem. Viraria eu um vegetal? Foi a primeira pergunta que fiz? Não quero viver como um vegetal...

Não, não é bem assim... é mais ou menos isto: você separa 21 dias; começa com uma alimentação normal; gradualmente você vai diminuindo de comer até não comer mais nada... amei e vou me tornar adepta ao Respiratorianismo - que é o conceito que afirma que podemos viver de luz, viver nos alimentando de luz solar.

Fiquei empolgadíssima, não posso negar. E já ia começar o meu aprendizado de fazer fotossíntese. Confesso que só tinha lido o comecinho do texto na Wikipédia - minha conselheira.

Daí me veio uma luz! E resolvi ler o resto do texto: "O consenso científico atual sobre nutrição e o bom senso normalmente aceito indicam que uma pessoa exposta a esse tipo de dieta, a longo prazo, acabaria morrendo de inanição ou desidratação", diz a Wiki...

Ops! Não quero morrer... só quero viver uma vida diferente desta que estou vivendo.
Tenho de começar tudo de novo...

Continua...

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu tenho uma amiga que é psicóloga. Eu acho que ainda serei psicóloga. Ela disse que escolheu psicologia porque era muito tímida, mas muito tímida mesmo, qualquer coisinha e virava um pimentão e o pior, travava, não conseguia falar diante de público nenhum - não importava se era uma ou se eram quinhentas pessoas (imaginava todo mundo como monstro, acho). Daí ela se tornou especialista em Psicologia Experimental... agora ela sabe muito sobre comportamento, sobre conduta humana, etc., etc.

Carla é o nome da minha amiga psicóloga. Desta, porque tenho outras também.

Enfim, ela fez psicologia, também, porque assim não precisava falar... ou precisava falar bem pouquinho. São os pacientes que falam, o psicólogo faz 'hum! Hum! Entendi! E daí? Fale-me mais sobre isso'. Eram as frases decoradas dela.

Não digo que todos façam assim... mas muitos fazem...

Um dia Carla foi convidada por outra amiga minha para dar uma palestra. Carla quase morreu... mas aceitou, foi e foi um sucesso... (bem que eu ajudei, dei um remedinho que tomo pra ela ficar mais calma).

E Carla recebeu um monte de elogios... não é que ela mudou? Começou a falar, falar, falar e hoje é a maior faladeira que conheço.

Hahah.... você vai dizer que estou me contradizendo. Estou não...continue lendo...

Contei essa história pra você pra provar que Carla não mudou...ficou tão feliz com os elogios que destravou alguma coisa dentro dela. Ela era, lá no íntimo, uma faladeira, só que ela não sabia, ainda.

A palestra foi o estopim.... e fim

(por enquanto)...

Só aproveitei colocar a palavra 'fim' pra rimar... só uma brincadeirinha. também não precisa ficar zangado...já disse a história é minha e eu posso escrever o que quiser nela.

domingo, 31 de março de 2013

Então, falando de ficar mais parecido consigo mesmo, eu acho que é simplesmente impossível você ser um sujeito de um jeito hoje e um pouquinho diferente amanhã. Eu acho que amanhã é você mesmo um pouquinho mais parecido com você mesmo, com o que você era ontem e também com o que era antes de ontem... ou com qualquer outro dia qualquer de sua vida.

Ah! você pode dizer 'mas uma vez eu era criança e era diferente de quando era adolescente e era diferente de hoje que tenho 34 anos'... Claro, claro, não estou falando desse tipo de diferença ou de igualdade. Não sou nenhuma louca de dizer que você não ficou diferente do dia em que nasceu ao que se transformou hoje.

Veja... usei a palavra 'transformou'. 'Transformação' é mudança de forma, metamorfose... você vai mudando o tempo todo, constantemente. A começar pelos trilhões de células do seu corpo, tudo em você se transforma... muda de forma.
 
A renovação do seu sangue é tão intensa que a cada novo dia entram em circulação cerca de oito mil novas células sanguíneas... isso significa que seu sangue é composto por células diferentes e fica diferente, mas fica o mesmo. E é exatamente disso que estou falando. Você fica diferente, mas fica você mesmo.
 
Sua alma, sua essência é a mesma do seu nascimento à sua morte. Se você não concordar comigo, não importa; este espaço é meu e coloco nele o que eu quero, o que eu penso. Se você pensa igual, beleza... se pensa diferente, beleza também.
 
Veja como passa o tempo... você sempre pensou igual ao que pensa hoje? Não... quem sabe eu faço você mudar de ideia. 

Eu já mudei tanto de ideia na minha vida. Agora vou fazer a mudança mais radical de todas. Vou partir pro mundo. O céu será meu teto. Já venho me preparando pra isso há algum tempo... está chegando a hora de deixar o que sou pra ser outra. Vou mudar, vou começar a ser a outra (daqui a pouco... daqui a alguns posts rs), mas vou continuar sendo eu mesma.
 

sábado, 30 de março de 2013

Voltando a falar de paciência...

Admiro as pessoas pacientes e quero me tornar uma pessoa paciente. Certamente não conseguirei ser paciente igual a Jó. Certamente ñunca ouvirão falar 'paciência de Roca', como se referem à paciência de Jó. Mas se até o fim da minha vida eu conseguir ter pelo menos um pouquinho de paciência já me dou por satisfeita.

Sim, meu nome é Roca... depois explico a origem do meu nome.

As pessoas mudam, o mundo muda o tempo todo. As pessoas não mudam e o mundo é hoje o que era exatamente lá no início de tudo. Sei parece que estou me contradizendo. Mas estou falando com base em fatos; então se há contradição aí é porque os fatos em sim já são contraditórios.

Mas eu acho que a graça na vida está no fato de as pessoas parecerem mudar, ou não.... Fica sempre uma incógnita no ar. As coisas são nebulosas, obscurecidas, como que cobertas pelas nuvens. As pessoas são como um ambiente em que a névoa tomou conta. Se você não andar com cuidado, vai batendo nas coisas que encontra. Você anda por ele tateando, tentando conhecer pelo tato... pra se sentir seguro sobre que caminho seguir.

É com as pessoas é assim mesmo. Só que você não as tateia com as mãos, você as 'tateia' com os olhos e com os ouvidos. E isso torna a vida apeciável, sutentável.

Fico aqui pensando se todo mundo agisse sempre da mesma maneira. Imagino se ontem, fosse igual a ontem, que foi igual ao anteontem... e se amanhã fosse igual ao hoje, e depois de amanhã, e depois, e depois... até o fim... se fosse tudo igual. Seria o tédio total. Ou não!

As pessoas estariam tão acostumadas com tudo igual o tempo todo que o normal seria ser tudo sempre igual. Ninguém conheceria o diferente. Todo mundo conhceria todo mundo e todo o mundo porque bastaria conhecer a si próprio e mais um pra saber que o resto é tudo igual. Bastaria conhecer o seu próprio quintal e o de seu vizinho pra conhecer o mundo.

O Sol nasceria no Leste e morreria no Oeste todos os dias.... e ninguém ia estranhar.

Hahaha! Peguei você. Isso já acontece Nascente... Poente desde que o mundo é mundo. E ninguém sente tédio, por isso.

Continua....

quarta-feira, 27 de março de 2013

Ser paciente é ter paciência, isso de acordo com o dicionário. O que é uma bola? Um bola é algo redondo. O que é redondo? É uma bola kkkk

Aí você tem de ir procurar o que é paciência para saber o que é ser paciente... ai ai ai. Haja paciência. Isso realmente me cansa.

Mas, enfim, ainda de acordo com o dicionário 'paciência' é ter a capacidade para esperar com calma - que não tenho muita... acho que não tenho nenhuma -, suportar infortúnios, dores, dissabores com resignação. Meo Deos, será que existe alguém assim? Deve existir sim, porque, se não existisse, não teriam conseguido definir paciência dessa maneira.

Mas, tem mais. Ter paciência é ser perseverante na execução de uma coisa difícil e demorada. Ah! Gostei. Sou paciente... persevero na decisão de me mudar... e tá difícil... tá demorado sair daqui Mas, um dia eu saio.

Todo mundo conhece a pessoa mais paciente do mundo. O cara viveu antes de Cristo e as pessoas ainda se referem a ele... Jó, paciência de Jó. Será que se Deus não tivesse mandado o diabo parar de atacar Jó, ele teria aguentado mais um pouquinho? Acho que sim... ele tinha uma paciência de Jó.

E, por falar em Deus, você acredita em Deus? Eu, bem... todo dia eu acho que sim... todo dia eu acho que não... acho que existe Deus - é impossível não existir - e acho que não - é impossível existir.

Continua....

terça-feira, 26 de março de 2013

A chave da felicidade. Todo mundo quer encontrar a chave da felicidade. E pra eu encontar a minha felicidade do que menos preciso é de chave. Vou pro mundo, pra liberdade... o céu é o meu limite. Vou atrás de meu sonho maior, vou realizá-lo e ser feliz.

Pra ser mais feliz seria ir realizar meu sonho lá em Paris. Mas, como estou no Brasil, vou realizá-lo por aqui mesmo.

Paris - Cidade Luz...você sabe por que a capital francesa é chamada de cidade luz? Adoro saber as coisas, se você é como eu continue lendo que depois eu volto no assunto. Mas, se você é ansioso e não consegue esperar um minutinho, beleza, vai procurar no Google.

Não estou sendo rude com você; eu mesma não ia ter paciência de esperar e ia procurar no Google. Então não me incomodo se você for. Só não demora, não começa a navegar e vai esquecer de voltar pra cá. Vá, mas volte... logo.

O que é ser paciente?

Continua....
As ruas de Paris. Tem cocô de cachorro sim. Sempre tinha ouvido falar que  tinha cocô de cachorro nas ruas de Paris, mas só acreditei quando vi. Pelotinhas por todo canto. Mas, sinceramente, nem tanto cocô consegue tirar a beleza da cidade... é simplesmente maravilhosa.

Então, como eu estava falando, nas ruas há muito cocô. Lembro de no primeiro dia que saí para passear pela cidade, estava andando pela calçadae na minha frente ia um homem alto, bem alto... devia ter 1,90 m ou mais.... magrinho, magrinho. Calça preta, camisa xadrez azul, preto e verde... um xadrezinho pequenininho. Em uma mão, ele carregava uma baguete. Como a camisa era de mangas curtas, pude ver o relógio dele. Um relógio muito grande, desproporcional pra magreza dele, pensei comigo. A impressão que eu tive foi de que o relógio pesava mais que o próprio homem.

E todo faceiro o cachorrinho que o homem magrela segurava por uma cordinha vermelhinha com dourado nas pontas parou, bem na minha frente (há uns dez passos)... e fez cocô.

O homem parou também e ficou esperando o cachorrinho terminar. E enquanto olhava o cachorrinho fazendo cocô tirou um naco da baguete e comeu. Beleza, né? Não, não.... ele tinha acabado de - com aquela mão que segurou o naco de pão - erguer o rabinho do cachorrinho... e... bem, não vou escrever aqui o que ele fez. Deixo por sua conta imaginar.

Só sei que eu fiquei enojada.

É marca registrada das ruas de Paris o cocõ. Mas, vamos ser honestos.... há ruas lá em que não vi nadinha, nadinha de cocô. Lembro bem da rua em frente aos Invalides... limpinho, limpinho. Também nas ruas próximas ao Museu Rodin, nadinha sujo.

Mas, sendo mais honesta ainda... não andei por todas as ruas de Paris, por isso não posso generalizar... então, há ruas e há ruas na cidade Luz.

Não posso esquecer que vou me mudar... tenho de parar com essas divagações e me preparar psicologicamente para a maior mudança da minha vida... ou a menor (rs), porque só vou levar umas coisinhas comigo.

Continua...

Foto
Memória de elefante... isso sim. Assim que é a minha. Lembro tudo, sempre. Fecho os olhos e me remeto a um dia qualquer da minha vida, em qualquer lugar. E tudo vai passando pela minha mente, exatamente como um filme, colorido, tudo o que vi, tudo o que vivi. Falei um filme colorido, mas há certos dias que passam em preto e branco. E não sou eu que escolho se será colorido ou em preto em branco. Eles simplemente aparecem de um jeito ou de outro.... sempre os mesmos dias.

Já li em algum lugar alguma coisa do tipo: nossa mente foi feita pra esquecer. A minha veio com defeito...não, não veio com defeito; de repente começou a não esquecer mais e não se esquece de nada. Acho que é por isso que sou assim, do jeito que sou. A minha mente é o lugar com mais entulho que conheço. Está tudo lá desde os meus 15 anos. E agora tenho 32. São 17 anos de informações armazenadas (e muitas, muitas não servem pra nada).

Eu sei que existem cursos, para melhorar a memória. Mas nunca vi falar de um que ensinasse a arte de esquecer.

Tudo começou exatamente no dia em que fiz 15 anos, eu estava dizendo. Eram 6:45 o despertador tocou. Meu despertador era em formato de um galinho que me acordava com um quiquiririquiqui... e quando eu apertava o botão pra desligar, dizia: good morning. Não dá pra acordar de mau humor assim, né? Um galinho falando inglês. Imagina... rs

Com o tempo fui me acostumando a ser diferente, a não esquecer nada, levando uma vida normal.
Claro, normal dentro dos meus padrões, porque eu vejo muito bem o olhar das pessoas  quando me aproximo... ouço o que dizem sobre mim e compreendo muito bem, embora todos digam que tenho problemas psiquiátricos... Eu sou a pessoa mais normal do mundo.

Continua....
E agora tô aqui pensando: quem foi que concluiu que o peixinho dourado tem memória de três segundos?

São feitas pesquisas, eu sei... ninguém fica tirando conclusões assim... do nada.

Então, está lá no seu laboratório o cientista fazendo pesquisa sobre a memória dos peixinhos dourados. Os peixinhos olham pra tudo aquilo - que não é seu habitat - e acham um tédio. E ficam com cara de tédio o tempo todo. Não mudam nem um pouquinho, não mostram alegria, tristeza, bem-estar, dor. Sempre a mesma cara... de tédio. Boca meio tortinha e sobrancelhas levemente levantadas, em forma de arco.

E com essa carinha ficam até o fim do experimento. Conclusão: Surpresa! O cientista interpreta como se fosse cara de surpresa. Porque o peixinho faz cara de surpresa a cada três segundos.... (mal sabe o cientista que no mundo dos peixinhos aquela cara é cara de tédio... e só). E daí pra dizer que a memória do peixinho é  só de três segundos é um salto...

Por que não é de dois ou de quatro segundo? Por que exatamente três?

Pode ser que no experimento eles dessem de comer pro peixinho a cada pouquinho. E, a cada três segundo o peixinho - glup - engolia um tiquinho de ração. Pronto. Dedução: O  peixinho esqueceu que há três segundos comeu... não sabe o cientista que o peixinho nunca tinha encontrado comida tão fácil e resolveu simplesmente se empanturrar...

Lá onde os peixinhos moram é uma luta diária por comida... um come o outro... o maior come o menor. É a lei da vida, você pode me dizer!
É a lei da morte... isso sim.

Continua....

segunda-feira, 25 de março de 2013

Então, voltando a falar do meu amigo que reclama de pagar aluguel... que fala sempre de seu salário jogado no lixo... sabia que o apartamento dele parece um depósito de lixo? É ele não pode falar diferente... o dinheiro dele é pro lixo mesmo.

Só fui no apartamento dele uma vez. Mas a impressão foi tão forte. O cheiro ruim, a umidade... que ainda sinto no meu nariz. Nesses momentos gostaria de ter a memória de um peixinho dourado... é de três segundos... não sei se é lenda. Mas, imagine, o peixinho dá a volta pelo aquário mil vezes por dia e sempre é novidade. Ainda bem, porque se fosse diferente ia ser o maior tédio. Ele ia querer morrer afogado de tanto tédio. Se em um aquário há dois peixinhos dourados, cada vez que eles se veem é como se fosse a primeira vez. Imagina se eles se apaixonam... é sempre como se fosse a primeira vez. Que engraçado.

Agora pensando com os meus botões... não sei se o apartamento dele é que parece um depósito de lixo ou se é o contrário.

Será que estou obcecada por moradia? Está tudo planejado. Dentro de poucos dias saio do meu apartamento. Será que meu destino é um depósito de lixo?

O futuro dirá... e certamente você saberá, porque eu vou escrever aqui tudinho o que vai acontecer na minha vida.

Já falei que sou ótima observadora? Pois é, sou... principalmente de ruas. Observo detalhadamente cada pedacinho. Uma vez só, na minha vida, fui pra Paris - como a visita ao apartamento de meu amigo - tanto o apartamento quanto as ruas por que passei na capital da França, tudinho está gravado na minha memória.

Eu sou assim, não esqueço nada.

Continua... :)

domingo, 24 de março de 2013

Até hoje, em toda a minha vida, e olha que eu já tenho muita vida vivida, só conheci uma moradora de rua. Na verdade, conheci uma família moradora de rua. E acho que foi o que vi nessa família que me fez desejar tanto ser moradora de rua.

Eu gosto de caminhar, faço todos os dias longas caminhadas. Sou eu andando pelas ruas e as ruas me fazendo companhia. Gosto de um monte de outras coisas, mas particularmente agora importa falar do meu gosto por caminhadas.

Todas as noites, impreterivelmente às 20 horas eu saio pra caminhar. Faça sol, faça chuva. Sol não... onde moro às 20 horas nunca tem sol... às 20 horas ele já foi espalhar seu brilho em outro lugar.

Então, com chuva ou sem chuva, saio pra caminhar. É a mesma rotina das 20 às 22:30 horas, diariamente... diariamente, não... noturnamente rs.

Nessas caminhadas noturnas, soturnas é que conheci a única família moradora de rua que conheci em minha vida. Até agora, é claro. Porque a partir de hoje, em razão da minha nova opção de vida, certamente irei conhecer outros moradores de rua.... outras famílias moradoras de rua.

A família que conheci era uma família feliz. Tinham 'casa' própria, não pagavam aluguel.

Não sei quem inventou isso de pagar aluguel. Quem disse que quando Deus criou a Terra determinou que apenas alguns seriam donos de um pedacinho e outros teriam de pagar para morar em um pedacinho? Há muita coisa errada no mundo, e essa de pagar aluguel é uma delas. Em minha modesta opinião, claro.

Tenho um amigo que fica extremamente infeliz todo dia 5 do mês (desconfio que ele é infeliz os outros dias também, mas ele disfarça muito bem). No dia 5 de cada mês, ele escancara sua infelicidade porque, como diz ele:

- Hoje é dia de jogar dinheiro fora. Hoje vou pagar meu aluguel. Meu sofrido dinheirinho vai pro bolso do Fulano de Tal.

Acho que é por isso que sou tão contra pagar aluguel. Pela infelicidade do meu amigo... ou não. Sei lá... também não tenho de achar razões pra tudo, né? Até acho que o mundo é do jeito que é porque todo mundo tem lá suas razões.

Mas também tenho um amigo que expõe mil e uma razões pra não se ter imóvel próprio... mas isso é conversa pra outro dia.

Continua... outro dia :)

sábado, 23 de março de 2013

Eu sempre soube que se eu não fosse o que sou seria moradora de rua. Mas eu sou o que sou, então não sou moradora de rua.

Até hoje.

Ninguém é a vida toda sempre a mesma coisa. Todo mundo muda... por dentro e por fora. E ao redor também. Muda de cidade. Muda de carro. Muda de cabelo. Muda de cor (Michel Jackson, pelo menos mudou rs). Muda de estado civil. Muda de profissão. Muda de vida.

Então por que eu também não posso mudar? A partir de hoje vou mudar. Não serei mais o que eu sou - serei o que sempre quis ser: moradora de rua.

Você já prestou atenção nas ruas quando anda por elas? Aposto que sim, mas aposto que não.

Estou falando de prestar atenção mesmo; em tudo, o tempo todo. Dirigir sua atenção pra tudo aquilo que está e também pra tudo o que não está visível. Ver o que não se deixa ver tão facilmente.

Eu presto atenção... a rua me fascina. E, por isso, será minha morada, de hoje em diante.

Continua...