sábado, 13 de julho de 2013

Meu estômago roncou - Sinal de alerta.... sinal de fome!

Meu estômago não ronca com muita frequência, não. Não sofro de borborigmos... O ronco de meu estômago também não é um verdadeiro estrondo - como trovões atravessando a terra. Meu estômago rosna baixinho, baixinho... e apenas quando está muito vazio.

Fiquei embaraçada com o ronco de meu estômago? Não... havia poucas pessoas pelas ruas e, certamente, nenhuma delas estava preocupada com as contrações que aconteciam dentro de mim.

A cidade aos domingos está praticamente vazia de pessoas. Andei  da Catedral na direção da Beira-Mar e não encontrei nenhum local aberto onde eu pudesse comer. Meu plano era repetir a experiência de comer as sobras de alguém em alguma lanchonete, bar... sei lá, o que eu encontrasse.

Não encontrei nada. Segui o caminho, passei pela rua Esteves Junior e cheguei até à praça no fim da rua, bem em frente ao mar.

Sentei-me em um banco e fiquei a observar o cenário e tudo o que acontecia por ali. A bem da verdade pouca coisa acontecia. Só carros que trafegavam pela avenida... muitos.

Um homem alto, magro, quase sem cabelos e com um óculos exageradamente pesados para seu rosto tão fino passeava com um minúsculo cachorrinho - um belo Maltês bem branquinho.

A alegria do cachorrinho contrastava com a tristeza do homem... linguagem corporal (entendo muito sobre esse assunto). O homem em passos lentos atravessava a praça; o cachorrinho, agitado, corria um pouquinho, parava e olhava para seu dono com uma carinha de 'vamos, vamos lá... eu quero brincar.... quem sabe você me acompanha?'.

E o homem sequer mudava seu ar triste, pensativo. Parecia estar condenado a carregando o céu em seus ombros, exatamente como Atlas - um dos titãs gregos, condenado por Zeus a sustentar os céus para todo o sempre.

Lembrei-me do poema de Drummond (Os ombros suportam o mundo), ao olhar para aquele senhor taciturno. Definitivamente o homem estava num momento de não rir, não chorar, não amar, não sentir falta de nada... nem da morte. Viva! Isso é uma ordem! Era o imperativo, que mais se adequava a ele.
 
Uma moça seminua passou correndo, atravessou a avenida, quase causando um acidente. Dois motoristas idiotas esqueceram-se de que estavam ao volante e dirigiram sua atenção à bela mulher com um corpaço de tirar o fôlego de qualquer homem.
 
E ela não viu nada. Seguiu correndo indiferente ao que causava. Indiferente aos olhares que atraía.
 
Meus braços, principalmente meus ombros, doíam por causa da queimadura do sol do dia anterior. Meu estômago roncou um pouquinho mais alto - acredito que pra se fazer ouvir.
 
O que eu ainda tinha na mochila? Dois pacotinhos de Clube Social. Comi um e bebi os três goles de água que ainda restavam na minha garrafinha.
 
Enquanto comia me assaltou uma vontade enorme de uma comida quentinha: uma sopa - adoro sopa -, uma massa, uma pizza... Ah! Lembrei! 'Há uma Pizza Hut bem pertinho daqui'.
 
E foi pra lá que me dirigi. Entrei e pedi ao garçom se não havia uma sobrinha pra mim. Ele me olhou de cima a baixo, com um olhar que simplesmente não consegui decifrar se era de pena, ou de incompreensão, ou de irritação, ou, ainda, se era o olhar dele mesmo. Pediu que eu aguardasse do lado de fora.
 
Uns minutinhos depois, ele voltou com duas fatias de pizza embrulhadas e, pasme, com meia garrafinha de suco. Saí no lucro. Claro a pizza não estava quentinha, mas não estou em condições de reclamar, não é?
 

 




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