domingo, 21 de julho de 2013

Quantas vidas você tem? 'Pergunta idiota', você deve estar pensando....

Todo mundo tem apenas uma vida. Será? Quem garante que você já não andou por este mundo em outro corpo? Não, não estou falando de reencarnação. É outra coisa. Mil vidas.... sempre você é você. Em todas elas, você não deixa de ser você. Só que não lembra das outras vezes em que foi você.

Pense: Neste exato momento quem garante que não há uma espécie de 'universo paralelo' onde está acontecendo exatamente o que está acontecendo neste que seus olhos veem, que seus sentidos tem consciência? Que você pode tocar se estender a mão?

Sou um ser pensante....

Olho o horizonte, o dia se tornando noite, o céu azul se transformando em cinza. Astronomicamente falando o céu nunca é azul... é pura ilusão. O céu é negro.

Então, você ainda quer ir pro céu?

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Acho que o mundo é cheio de gente boa. Tem gente ruim também, é claro.

E o interessante é que sempre focamos no ruim. As notícias de catástrofes, de tragédias, de mortes pululam nos noticiários. É o que vende: o horror, a dor, o perturbador, o estranho em cada um de nós.

Atravessei a beira-mar, sentei num banquinho de madeira, abri o embrulho onde estava a pizza, respirei fundo, agradeci em pensamento ao bondoso rapaz da pizzaria... e comi.... e bebi.

Que refeição fantástica. Primeiro, deixa eu explicar que adoro pizza. Segundo, que eu adoro suco de laranja.

Meu momento presente foi um verdadeiro presente: tudo o que adoro pra comer e beber, mais a beleza do mar, o calor do sol - que estava fraquinho nessa hora. milhares de nuvens cobriam o céu... trariam chuva no fim da tarde, com certeza.

Depois me recostei no banco e tirei uma soneca. Ô vida boa...

Às 18 horas eu estava voltando pra casa - com o corpo doído, cansado; os braços ardendo queimados pelo sol de sábado... mas a mente levinha, levinha. Eu estava voltando pra minha outra vida - que por enquanto é ainda a de verdade.... mas eu já estava ficando diferente. Eu sentia isso, eu sabia...

Andarilha.... sou só de mentirinha.... por enquanto!

sábado, 13 de julho de 2013

Meu estômago roncou - Sinal de alerta.... sinal de fome!

Meu estômago não ronca com muita frequência, não. Não sofro de borborigmos... O ronco de meu estômago também não é um verdadeiro estrondo - como trovões atravessando a terra. Meu estômago rosna baixinho, baixinho... e apenas quando está muito vazio.

Fiquei embaraçada com o ronco de meu estômago? Não... havia poucas pessoas pelas ruas e, certamente, nenhuma delas estava preocupada com as contrações que aconteciam dentro de mim.

A cidade aos domingos está praticamente vazia de pessoas. Andei  da Catedral na direção da Beira-Mar e não encontrei nenhum local aberto onde eu pudesse comer. Meu plano era repetir a experiência de comer as sobras de alguém em alguma lanchonete, bar... sei lá, o que eu encontrasse.

Não encontrei nada. Segui o caminho, passei pela rua Esteves Junior e cheguei até à praça no fim da rua, bem em frente ao mar.

Sentei-me em um banco e fiquei a observar o cenário e tudo o que acontecia por ali. A bem da verdade pouca coisa acontecia. Só carros que trafegavam pela avenida... muitos.

Um homem alto, magro, quase sem cabelos e com um óculos exageradamente pesados para seu rosto tão fino passeava com um minúsculo cachorrinho - um belo Maltês bem branquinho.

A alegria do cachorrinho contrastava com a tristeza do homem... linguagem corporal (entendo muito sobre esse assunto). O homem em passos lentos atravessava a praça; o cachorrinho, agitado, corria um pouquinho, parava e olhava para seu dono com uma carinha de 'vamos, vamos lá... eu quero brincar.... quem sabe você me acompanha?'.

E o homem sequer mudava seu ar triste, pensativo. Parecia estar condenado a carregando o céu em seus ombros, exatamente como Atlas - um dos titãs gregos, condenado por Zeus a sustentar os céus para todo o sempre.

Lembrei-me do poema de Drummond (Os ombros suportam o mundo), ao olhar para aquele senhor taciturno. Definitivamente o homem estava num momento de não rir, não chorar, não amar, não sentir falta de nada... nem da morte. Viva! Isso é uma ordem! Era o imperativo, que mais se adequava a ele.
 
Uma moça seminua passou correndo, atravessou a avenida, quase causando um acidente. Dois motoristas idiotas esqueceram-se de que estavam ao volante e dirigiram sua atenção à bela mulher com um corpaço de tirar o fôlego de qualquer homem.
 
E ela não viu nada. Seguiu correndo indiferente ao que causava. Indiferente aos olhares que atraía.
 
Meus braços, principalmente meus ombros, doíam por causa da queimadura do sol do dia anterior. Meu estômago roncou um pouquinho mais alto - acredito que pra se fazer ouvir.
 
O que eu ainda tinha na mochila? Dois pacotinhos de Clube Social. Comi um e bebi os três goles de água que ainda restavam na minha garrafinha.
 
Enquanto comia me assaltou uma vontade enorme de uma comida quentinha: uma sopa - adoro sopa -, uma massa, uma pizza... Ah! Lembrei! 'Há uma Pizza Hut bem pertinho daqui'.
 
E foi pra lá que me dirigi. Entrei e pedi ao garçom se não havia uma sobrinha pra mim. Ele me olhou de cima a baixo, com um olhar que simplesmente não consegui decifrar se era de pena, ou de incompreensão, ou de irritação, ou, ainda, se era o olhar dele mesmo. Pediu que eu aguardasse do lado de fora.
 
Uns minutinhos depois, ele voltou com duas fatias de pizza embrulhadas e, pasme, com meia garrafinha de suco. Saí no lucro. Claro a pizza não estava quentinha, mas não estou em condições de reclamar, não é?
 

 




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Perdida em meus pensamentos quando me dei por mim, estava nos degraus da Catedral. Imponente, como um Deus.

Sou agnóstica... estou exatamente no  meio termo sobre a existência ou não de divindades... não acredito, nem desacredito. Na verdade, pra mim, tanto faz como fez.

Mas a encantadora atmosfera de uma igreja toca em mim de alguma forma. Ao entrar nesses locais, envolve-me uma atmosfera com um aroma espiritual, um aroma de tranquilidade, de paz...ao mesmo tempo em que acontece um incrível distanciamento das coisas terrenas... dos emaranhados do mundo... dos ruídos da vida.

Estava aí em um desses momentos... sentia crescer uma estima por mim mesma... sentia um acréscimo de estima inexplicável pela humanidade que há em cada ser humano.

Assim, a vida poderia realmente ser interessante

Mas isso foi apenas por alguns minutos - do momento em que entrei na igreja, sentei em um dos bancos e fiquei olhando pro altar enfeitado demais pro meu gosto... ornado demais pra humildade pregada pela própria igreja. É muita ostentação!
 
O sol que brilhava com toda a sua força era mais convidativo... e eu saí.
 
Continuei andando pelas ruas da cidade... depois fui em direção à Beira-Mar. Outra vez.
 
Gosto do mar, da sua amplidão, dos seus segredos, da sua imensidão, do que ele esconde e do que ele revela.

sábado, 6 de julho de 2013

Céu e inferno

Depois de tomar meu cafezinho gratuito no supermercado, decidi andar pelo centro da cidade.

Saí caminhando devagarinho, fixei meu pensamento no aqui e agora. Olhei as casas, os edifícios um a um.. há alguns antigos, outros modernos. Um dos mais antigos - o Dias Velho, na Felipe Schmidt - é bem feinho, mas é forte.... já ouvi dizer que tem gente que não consegue nem pregar um prego na parede do seu apartamento.

O edifício tem o nome do fundador de Florianópolis - um bandeirante paulista, que mandou construir uma igreja lá onde hoje é a Catedral.

Não sou religiosa, não sou católica, não acredito em Deus, em Buda... em nenhum desses caras que ficaram famosos pregando sobre como salvar a própria alma, de como viver nesta vida - aceitando o próprio carma pra melhorar de alguma coisa errada que fez no passado. Não há céu, não há inferno. quando se morre, se morre e fim.

Muita gente já morreu... e ninguém ter voltado pra contar!? Duvido, certamente um Marx, um Hitler, um Nietzsche, um Jesus da vida teria dado um jeito de voltar e contar o que há do lado de lá. Eles não tinham ideias fantásticas quando estavam por aqui? Então... essas ideias sumiriam assim do nada... ah! algum deles, pelo menos, teria voltado. Pra confirmar suas próprias palavras

E se há mesmo céu e inferno - raciocine comigo -, uma mãe que chega a qualquer um desses lugares, conhecendo a vida que seu ou seus filho(s) leva(m) por estas bandas, ia ficar na boa, sem voltar pra dar uma sacudida no filho? Não, não e não.... não há céu e não há inferno, definitivamente.

Esta é uma das razões por que não quero filhos: se chegando do lado de lá eu comprovar que estava errada e não me for permitido voltar para alertar um filho que tenha ficado por aqui... eu cometo um assassinato do lado de lá. Sim, isso mesmo, mato quem não me permite voltar... e aí... bem e aí certamente deverá haver consequências drásticas para um assassino.

Então, melhor não arriscar - filhos!? That's why I tell myself... never, never and never filhos.

domingo, 23 de junho de 2013

Andarilhos são muitas vezes confundidos com loucos. Mas quem não é louco? Pelo menos um pouco? Pelo menos uma vez na vida qualquer um de nós agiu como um louco.

Afinal quem fixou os padrões da normalidade?

E exatamente o que é a normalidade? É ter uma casa para morar, comida na mesa, impostos pagos, salário mensal de um trabalho fixo - ou não tão fixo? É viver em uma comunidade? É ter uma família? É ter um tempo de lazer?

Ser normal é não viver na miséria? Então há muito mais anormais por aí do que podemos imaginar.

Eu acho a miséria degradante... jamais estarei entre os mendigos. Não abraçarei a miséria de jeito nenhum. Não andarei esfarrapada... Já usei as melhores marcas mundiais Hermès, Louis Viton, Armani, Burberry.... não me sentirei bem com farrapos. Mas as marcas que usei não me trouxeram felicidade, nem paz, nem vida harmoniosa. São as melhores marcas mundiais, mas não me dizem nada.

 Serei andarilha, sim... mas com dignidade... com toda a dignidade que o viver na rua pode me trazer.

Sairei pelo mundo, abandonando quem eu era - e sabendo que no momento que eu quiser posso voltar. Mas não será qualquer pedra no caminho que me fará desistir da minha empreitada...

Vou construir uma nova vida... vou juntar tijolo por tijolo.... pela marginal.

Psicose? E quem nunca teve uma ideia meio psicótica? Quem nunca quis matar alguém? Mesmo que em pensamento? Atire a primeira pedra quem nunca quis rasgar dinheiro... quebrar os padrões estabelecidos?

Ah! e psicose é considerado uma certa perda de contato com a realidade. E meu contato com a realidade é quase palpável... não há sequer uma desorganizaçãozinha de pensamentos, não há inquietude, nem angústia, nem opressão... meu comportamento não tem nada de bizarro.




quinta-feira, 20 de junho de 2013

Até o sol estar mais ou menos alto, fiquei ali naquele banco... a fome apertou.

Toda manhã, mas toda manhã mesmo, tomo duas xícaras de café, um pãozinho torradinho com manteiga e uma fatia de bolo. É uma das minhas rotinas.

E aí onde eu estava não havia café, não havia bolo... só um pãozinho amanhecido e água.

A vontade de café era simplesmente imensa... não sou viciada, não... Sei de gente que bebe café atrás de café o dia todo. Não é assim comigo... são apenas as duas xícaras ao acordar e fim. Mas estava me sentindo uma viciada em clínica de reabilitação: louca pela droga.

Como resolver?

Fui em direção a um supermercado que fica no centro, não muito longe de onde eu estava... Normalmente, nesses supermercados grandes há um lugar em que eles oferecem um cafezinho - propaganda.... marketing... :)

Lá consegui um copinho, mais um copinho, mais um copinho... até a moça olhar com uma cara feia pra mim e dizer: 'agora chega'. Não foram bem as duas xícaras costumeiras, mas quase cheguei lá...

Café pra hoje... OK!

Daí comi meu pão, que mais parecia uma borracha.. e nada de bolo.

Lembrete (mais um): mudar meus hábitos matinais... menos café... substituir por chá, suco, água... pro corpo aceitar qualquer um deles na boa... não torrar mais o pão - vai emborrachado mesmo... e eliminar o bolo - não consegui pensar em nada que pudesse substituí-lo (principalmente porque a pessoa que faz o bendito bolo não me acompanhará pela minha saída em busca de liberdade).

Oh! e escovar os dentes.... eu sabia que tinha mais uma coisa me incomodando... Como irei resolvr isso?

A cada instante vou me dando conta  de que viver é muito, mas muito complicado mesmo.